segunda-feira, 21 de maio de 2012

Moda

A MODA DAS RUAS INVADE AS PASSARELAS


Quando foi criada em 2007, a marca de Streetwear SUMEMO tinha um objetivo: Ser conhecida pelo universo do skate brasileiro. Passados cinco anos, o cenário é completamente diferente do imaginado e mais promissor do que foi planejado. Pra quem anda em grandes shoppings, freqüenta a alta sociedade, talvez não conheça o que significa quem veste ou até se existe realmente essa grife. Mas se você freqüenta as baladas underground da Rua Augusta, shows de rap ou os ‘rolês’ de Skates dos ‘ibira boys’ e seus aliados, sabe do que se trata. 


Alex Poisé, owner da Sumemo 
Para entender a marca de streetwear SUMEMO vamos contar uma pequena história que começa em Venice que é um dos bairros mais badalados de Los Angeles (Califórnia). Venice é um polo de criatividade de novos esportes e tendências jovens. Foi lá que o surf foi cultuado e praticado e onde pioneiros skatistas, os Z-Boys, criaram o surf do asfalto. Das calçadas de Venice vieram as tendências do Surfwear e muitas outras. Nos anos 60 Venice foi o centro artístico da geração Beat e por lá moraram e moram artistas e músicos, como Frank Zappa, Jim Morrison (The Doors foi formado em Venice), Nicolas Cage, Julia Roberts, Lindsay Lohan e até Arnold Schwarzenegger que começou sua carreira de ator depois de se tornar um fisiculturista e treinar regularmente em Venice no famoso Ginásio de Ouro “a Meca do Fisiculturismo”. Formado por uma mistura étnica de maioria negra e latina, Venice viu também crescer e estar envolvida pelas famosas gangs de Los Angeles. Foi neste ambiente que Alex “Poisé”, proprietário da marca, morou por muitos anos.

Confira a entrevista do “Poisé” ao portal Vírgula, falando sobre sua história e por que ele criou a marca. Confira aqui. 

Álvaro Porque, irmão de Poisé e skatista 
Um dos destaques da marca, o fashonista Dudu Bertholini, explica qual é a idéia das coleções e o que pode trazer das ruas para as passarelas. “A moda é um estilo livre e uma forma de se expressar através de roupas, e as ruas têm isso na essência. Nas passarelas não é diferente, por isso acredito que essa combinação será uma boa”, acredita.

Para muitos, a entrada de uma marca conhecida no mercado underground desfilar em passarelas é considerado uma afronta para quem curtia a marca antes da grande mídia. Bertholini discorda, “Antes isso poderia ser encarado como exclusividade, mas nos dias de hoje é puro egoísmo. As roupas precisam ser feitas para um maior número de pessoas e nas passarelas, ela alcançará esse nível”, acrescenta. Confira fotos do desfile que deu o que falar e alçou a grife a todos os sites de moda. Clique aqui

Dudu Bertolhini, feshonista da grife e estilista da Neon
A marca caiu nas graças de celebridades e músicos do Brasil, alguns rappers americanos curtiram a idéia e também encampam os pensamentos do Skatista Paulistano. Com um contato maior com o mundo artístico da Califórnia, muitos freqüentadores do local gostaram das roupas e pedem para que a grife vá para a Costa oeste americana.

O rapper americano Pep William no desfile da marca em São Paulo

Skatinho x Long

Existem diversas histórias que explicam o nascimento do skate. A mais aceita atualmente é de um grupo de surfistas californianos dos anos 60. Eles colocaram rodas em umas tábuas e resolveram curtir o asfalto.  Essa foi a forma que encontraram para aproveitar o dia quando as ondas estavam fracas, e a maré baixa. Surgia assim o skateboard. 



No princípio os primeiros modelos utilizavam rodas de patins, por isso eram muito pesados. Os primeiros modelos fabricados começaram a ser comercializados em 1965, nos EUA. Nesse mesmo ano o esporte chegou ao Brasil. Como todo novo esporte no país do futebol, o processo de popularização foi longo. A moda começou a pegar mesmo no começo dos anos 90, quando o número de praticantes aumento assustadoramente. De lá pra cá surgiram rampas, competições, eventos e a criação da Confereração Brasileira de Skate (CBSk), em 1999. Hoje o Brasil é considerada a segunda potência do skate mundial, atrás apenas dos States.

Uma pesquisa realizada em 2010 encomendada pela CBSK, e publicada ano passado na revista 100% Skate, mostra que atualmente existem cerca 3.800.000 (três milhões e oitocentos mil) skatistas no Brasil e o crescimento no número de praticantes, com relação à última pesquisa, realizada em 2006, chega à quase 20%. 48% desses skatistas estão na região Sudeste.





Skate em SP: estilos variados

É raro andar pelos principais pontos da cidade de São Paulo e não encontrar ao menos um skatista desafiando a arquitetura da cidade. Ou mesmo nas boas pistas que a capital dispõe. Um dos picos mais procurados é a tradicional pista da Sumaré, no Parque Zilda Natel, próximo a avenida Dr Arnaldo. Essa pista oferece uma grande variedade de obstáculos como corrimãos, banks em forma de 8, escadas, microrampa, quarter-pipe e muito mais. O analista de sistemas André Gomes, 26 anos, cola lá sempre que tem um tempo. Ele que anda desde os 10 anos afirmou que sempre teve o sonho de ser skatista profissional, mas que atualmente anda apenas por diversão. "É muito bom pra relaxar, eu adoro, e como  a pista fica perto do centro sempre tem gente de vários lugares diferentes" disse ele. 


Um outro estilo, menos popular, mas que que vem ganhando destaque no cenário brasileiro é o longboard. O long é uma modalidade praticada em uma prancha maior, onde o skatista tem mais estabilidade porém menos agilidade. O pessoal do longboard diverte-se descendo ladeiras e estradas com certa inclinação, com movimentos que imitam o surf e o snowboard. Um ponto de encontro dessa é o quintal do Ipiranga, próximo ao Museu do Ipiranga. O terreno é largo, e tem pouca inclinação, ideal para praticantes, e iniciantes. 



A fotógrafa Marcia Santos começou tirando fotos de competições de skatinho, mas se apaixonou mesmo foi pelo long. "Eu via muita molecada nas rampas que só queria saber de patrocínio e ser profissional. No long a galera é mais tranquila, só quer curtir o momento e aproveitar".

Seja no skatinho ou no long, o fato é que São Paulo tem ótimos lugares para aproveitar. Curtir com os amigos e a sensação de liberdade em meio a tanto caus é oque motiva muita gente com sede de adrenalina a desbravar novos objetivos.


Lowrider além dos carros, uma cultura!

Quem nunca reparou nos carros estilizados, rebaixados com cores e detalhes bem diferentes do que estamos acostumados a ver pelas ruas, pode conferir nessa matéria como surgiu e como funciona o Lowrider.

O Lowrider, como são chamados, foram descobertos na década de 50 nos Estados Unidos, mais precisamente na Califórnia graças aos mexicanos que ali residiam e transmitiam um pouco da cultura mexicana ou Chicana. Admiradores de carros, os americanos possuíam a tecnologia, aproveitaram a ideia dos latinos e se especializaram para compor e montar os carros.

Na época essa customização dos veículos foi proibida pelas autoridades locais  impedindo então de usarem carros rebaixados. Assim, o sistema que abaixa e levanta os carros foi criado, permitindo ter um veículo rebaixado e dentro da lei.


O lowrider tem como características básicas carros das décadas de 50 a 70 (Chevrolet Impala) sem nenhum tipo de customização externa, com exceção a pintura, da capota conversível e das rodas raiadas. A suspensão do Lowrider não é a ar, mas sim hidráulica e é alimentada pelas baterias localizadas no porta-malas (oito baterias ou mais) e o dono do carro controla a suspensão com um conjunto de chaves que controlam a altura de cada roda do carro, sendo possível fazer o carro pular ou andar sobre três rodas (Three Wheel Motion).



No Brasil os LowRiders ainda é minoria, mas que por onde passam despertam a curiosidade de quem nunca viu. O primeiro carro com suspensão hidráulica do Brasil foi construído em meados de 1997 por Sergio Hideo Yoshinaga erradicado no Japão (Maior colônia lowrider fora dos EUA) estudou e criou os primeiros carros.

Hoje, um dos nomes mais conhecidos no mundo do Lowrider na terra da garoa é o Ricardo Petito mais conhecido como o pesadelo do Lowrider.

Petito demonstra seus carros, pulos e detalhes em feiras e competições transformando num verdadeiro show que caminha com a cultura Chicana. Você pode conferir o show dos carros aqui!


Agrega-se a imagem do Lowrider aos rappers americanos que customizam os veículos com rodas banhadas a ouro, diamantes em alguns detalhes, ou até mesmo pintura do motor banhada a ouro, mas que também podem ser comparados a outros estilos de cultura, como DUB ou Custom. Mas isso é história para outro dia.

Dica!
Se você gostou e ficou com vontade de conferir de perto os lowriders em ação? Fique ligado no Under Dog SP e saiba quais serão as próximas feiras e competição.




Grafite, a arte que traz cor as ruas de São Paulo

O grafite de rua  ainda traz muitas discussões até hoje. Para alguns significa uma manifestação artística urbana. Para outros, é um puro ato de vandalismo.

O fato é que o grafite está cada vez maispresente em vários locais da cidade, e através dessa forma de linguagem, a paisagem urbana vem se modificando, e influenciando no comportamento e traduzindo os sentimentos das pessoas.

O grafite é uma forma de manifestação artística ao ar livre. São pinturas e desenhos feitos em muros e paredes públicas. Existem relatos e vestígios dessa arte desde o Império Romano.

Os antigos romanos possuíam o costume de escrever manifestações de protesto com carvão nas paredes de suas construções, tratava-se de palavras proféticas, ordens comuns e outras formas de divulgação de leis e acontecimentos públicos.

Alguns destes grafites ainda podem ser vistos nas catacumbas de Roma e em outros sítios arqueológicos espalhados pela Itália. Segundo (Dingos) Gilmar Del Barco Junior, 34 anos, escritor, produtor cultural, arte educador e grafiteiro desde 1989, no século XX, mais precisamente no final da década de 60, os jovens do bairro de Nova Iorque nos Estados Unidos, estabeleceram esta forma de arte usando tintas spray e começaram a deixar suas marcas nas pareces da cidade, que deixaram de ser apenas assinaturas e evoluíram para desenhos. 

No Brasil, o grafite surgiu no final da década de 1970, em São Paulo. Os brasileiros começam a incrementar o estilo do grafite dos EUA, e hoje é considerado um dos melhores do mundo.

Atualmente, em São Paulo, quase 100 mil ruas e avenidas da cidade foram transformadas pelos grafiteiros em verdadeiras galerias de obras de arte. A cidade se destaca no circuito internacional como polo das economias criativas, e parte disso se deve ao grafite.

A admiração é tanta pela arte na cidade, que o grafite de nossos artistas brilha mundo afora, inclusive na vanguardista Europa, a exemplo dos trabalhos da dupla Os Gêmeos (Gustavo e Otávio Pandolfo) e de Francisco Rodrigues, mais conhecido como Nunca. Os três participaram da mostra “Street Art”, que em agosto de 2008 ocupou fachada do Tate Modern, um dos principais museus londrinos.

Muitos grafiteiros contribuem para projetar São Paulo nesse circuito num movimento que se fortalece cada vez mais. A capital oferece cursos profissionalizantes em grafites e intervenções urbanas. Muitos projetos de grafite ganham apoio de escolas, empresas e do governo.

Em um passeio pela metrópole é possível conhecer trabalho de diversos artistas, de diferentes estilos de traços e desenhos, que colorem o dia a dia da cidade.

Um dos pontos de grafite mais conhecidos, fica no túnel da Paulista que leva à Avenida Rebouças é coberto por painéis coletivos, num mosaico que nos coloca o desafio de identificar as diferentes formas de expressão com o uso do spray. Nesse espaço, são promovidas até mesmo edições especiais, com desenhos temáticos.

    Av. Paulista

Em meio à boemia de Pinheiros e Vila Madalena, muros e lojas ganham o colorido do grafite. E é onde está um dos pontos mais famosos de São Paulo, o Beco do Batman, nas ruas Gonçalo Afonso e Medeiros Albuquerque. Totalmente coberto por trabalhos de artistas nacionais e estrangeiros.

Descendo pela rua Cardeal Arcoverde, há travessas em que o grafite está gravado nos viadutos, escadarias e muros escondidos.

   Pinheiros

O roteiro do grafite em São Paulo é bem extenso. Há intervenções em diversas ruas na região da Consolação, no centro da cidade, em viadutos como o Júlio de Mesquita Filho, na estação de trem da Lapa, no bairro da Mooca e outros pontos.

    Grafiteiros - Centro

    Cambuci

    Rua Augusta

    Av. Paulista



O Rap como instrumento de transformação


É comum ouvir falar sobre algo de impacto negativo com mais frequência na mídia, relacionado ao Rap ou ao movimento hip-hop. Mas a história tem mudado no decorrer dos últimos anos. Com a proximidade do público e uma abertura maior para a nova escola da música que, antes era tida como música de “favelado”, pobre, de bandido ou características do tipo, surgem novos espaços para eventos, shows e outras oportunidades do tipo.


Um Exemplo de mudança e história pode ser vista em cada letra, de cada músico, MC, Rapper que trilha por caminhos apertados em algum momento na sociedade, mas que tem respirado um ar mais puro. Shows lotam; Criolo levou seis mil pessoas em um festival de música do estilo que aconteceu no Pará no último fim de semana, por exemplo. Foi o maior público do evento. Tempos atrás isso era praticamente impossível. Shows eram realizados em situações precárias de som e iluminação, local, o uso de drogas e falta de segurança então, nem se fala.

Alguns MC’s do Brasil utilizam das ferramentas que tem em mãos para a mudança, inclusão social, transformação de tudo aquilo que defendem, lutam e sonham. Como a mudança no lugar onde vivem ou viveram, as comunidades afetadas pela má-política estrutural ou simplesmente pela falta de apoio e organização.



Um Breve exemplo disso, dessa luta, desse sonho e empenho pela melhoria de vida de todos ao redor, é o Mestre de cerimônia e apresentador de televisão, Max B.O. Que leva a sigla P.A.T.C.H.O.L.’S onde vai e as ideias são as melhores.

Paz, Amor, Trabalho, Companheirismo, Honestidade, Objetivo Leal e Sincero. Esse é o lema que faz girar um mundo ainda igual aos olhos da sociedade mas, um sonho aos olhos de quem o vê e sabe que pode se tornar real a ideia de transformar uma comunidade. Criar um escritório, um centro de cultura, uma estrutura acolhedora na qual as crianças possam aprender mais sobre as rimas, fotografia, culinária, textos e outras atividades ligadas à educação. Isso é sonho para todos. E luta de realização para muitos.

Outros nomes conhecidos ou não, fazem o melhor para ajudar de alguma forma, com outros vários projetos como o “Todos por um” do grupo “Ao Cubo” que, frequentemente visita antigas instalações das FEBÉM, hoje conhecida como Fundação Casa, para levar uma palavra positiva e propagar o bem entre os jovens que estão ali por algum erro que cometeram.



Com esses projetos e ideias o espaço aberto pode ser maior, tendo em vista que o objetivo é fazer o melhor, é mudar, transformar com as ferramentas que se tem nas mãos. Max B.O hoje apresenta o Manos e Minas na TV Cultura, programa voltado especificamente para a música e cultura hip-hop, e quando questionado em entrevista sobre o seu trabalho com a TV e com a mídia fora dos palcos, e se isso o atrapalha de alguma forma, foi claro: Eu acho que isso aí é o rap abrindo portas para que eu faça mais trabalhos. Meu jeito de atuar no hip hop me permitiu conciliar e receber novos desafios, novas propostas. Não acho que atrapalha. Foi o rap que me levou para a televisão. Então ele já estava disposto a abrir mão de mim um pouco para eu fazer outras paradas”.

Outro nome conhecido como o líder do Racionais MC’s, Mano Brown, tem feito, além de propostas de melhorias e mudanças para a comunidade, a chegada de um rap de protesto e de história como o que está por vir em clipe, a música Marighella. Um retorno ao passado para falar de Carlos Marighella, político, guerrilheiro e poeta. Além de ser um dos principais organizadores da luta armada no regime militar. O líder que foi assassinado e hoje volta aos ouvidos e aos olhos de quem vê um show ou vídeo, retratando aquilo que foi acontecimento bruto na época em que o Brasil sofreu nas mãos do sistema.

São atitudes como a desses personagens de nossa sociedade que nos fazem acreditar e conhecer mais sobre o que pode ser feito, o que o Rap tem feito, o que o movimento hip-hop pode fazer para acabar ou ao menos amenizar de vez, as desigualdades sofridas pelas comunidades mais pobres e pelo povo brasileiro como um todo.